LIBRAS, longe do ideal
Ainda não estamos preparados para o processo de plena inclusão, somos poucos a interpretar a Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS
Zen Agência Cidadania e Inclusão 1558 views 0 min. de leitura
A população e o Poder Público, através da educação e formação da sociedade, ainda não estão preparados para o processo de plena inclusão. A partir desta realidade, protocolei na Assembleia Legislativa cinco Projetos de Lei que tratam acerca da tradução e interpretação de Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS em eventos e espaços públicos e sobre o ensino de LIBRAS nas escolas estaduais da rede pública no Rio Grande do Sul.
Após realizarmos uma Audiência Pública, constatou-se que no nosso estado existe cerca de 400 mil pessoas surdas e somente 22 escolas de surdos. Testemunhei que as dificuldades advindas da falta de acessibilidade e inclusão são inúmeras, mas quero alertar para o alto índice de “surdocídio”, acesso à educação e as dificuldades de atendimento na área da saúde, ao ponto do médico não conseguir se comunicar com o paciente e ter um diagnóstico mal feito e de, em alguns casos, quase beirando ao preconceito, não se permitir com que um pai possa assistir o nascimento de seu filho ou de sua filha com o auxílio de um intérprete.
A contribuição da Audiência Pública foi no sentido de que a Assembleia Legislativa precisa entrar de vez e de forma efetiva no debate sobre acessibilidade e inclusão. Precisamos capacitar a sociedade para que os ouvintes se socializem e os surdos se comuniquem.
A LIBRAS é reconhecida como língua oficial no Brasil, assim como o Português. Por isso, precisamos preparar a sociedade para que em casos específicos, onde há o diagnóstico da criança surda no nascimento e nos primeiros meses de vida a LIBRAS seja a primeira língua, pois anterior à alfabetização escolar existe um processo de comunicação entre a família, cabendo ao Poder Público garantir o suporte necessário para posterior alfabetização em colégios próprios para surdos.
Não é a pessoa surda que não sabe se comunicar com os ouvintes, são os ouvintes que não sabem se comunicar com a comunidade surda! A busca do conhecimento da LIBRAS precisa ser um alimento diário para acelerar a socialização e o processo de humanização do estado. A sociedade gaúcha precisa se apropriar desse tema como forma solidária e coletiva de existência humana pois a inclusão é compromisso e desafio de todos.